No primeiro trimestre, valor do metro quadrado de imóvel na cidade foi de R$ 7,7 mil, acima da região metropolitana de São Paulo de R$ 7,6 mil



Campinas deve assumir o protagonismo imobiliário no interior do Estado e terá um papel fundamental nos lançamentos de imóveis nos próximos meses. O otimismo foi expressado por empresários de incorporadoras, que participaram de um evento realizado ontem na cidade e ocorre em razão de uma pesquisa realizada pela empresa Brain Inteligência Estratégica, que promove estudos de mercado para as incorporadoras. De acordo com levantamento realizado no primeiro trimestre do ano, que ouviu 2.586 pessoas de todo o interior paulista, 34% dos entrevistados pretendem comprar um imóvel nos próximos 24 meses. Segundo investidores ouvidos pelo Correio Popular, a cidade ocupará papel de destaque em razão do desenvolvimento de políticas públicas de mobilidade na ligação com os demais municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e com a capital paulista, a exemplo do Trem Intercidades (TIC).


O estudo ouviu pessoas entre 25 e 75 anos, com rendas entre R$ 3 mil e R$ 16,5 mil. No universo dos que pretendem adquirir propriedades nos próximos 24 meses, 31% desejam adquirir um imóvel em até um ano e 46% nos próximos 18 meses. O percentual restante pretende comprar a unidade em dois anos completos.


Entre as preferências, 56% dos entrevistados optariam por casas de rua, enquanto 33% optariam por apartamentos. Ainda 15% pretendem comprar em loteamento fechado e 12% em loteamento aberto.


Por fim, 33% sonham com a casa própria para fugir do aluguel e 13% para investir ou revender.


Entre a população de menor renda, de R$ 3 mil a R$ 8 mil, 69% pretendem adquirir uma casa na rua, o oposto dos que possuem maior renda (acima de R$ 16,5 mil), que preferem comprar apartamento.


CAMPINAS


O estudo revela ainda que o valor do metro quadrado em Campinas é o maior do interior paulista para o primeiro trimestre com R$ 7,7 mil, patamar acima da Região Metropolitana de São Paulo, que tem R$ 7,6 mil.


A valorização, de acordo com empresários, se dá em razão da boa localização do município, próximo à capital e a importantes cidades do Estado. O adendo da localização cada vez mais ganha força, com o desenvolvimento de ações que facilitam o trânsito entre as cidades.


“O interior de São Paulo é quase um país. Tudo começa por aqui e se desenvolve para o resto do Brasil. O mercado imobiliário é de muito risco. Levando-se em consideração esses dois fatores, Campinas e região são muito atrativas. Primeiro porque comparado ao restante do interior a cidade tem um bom posicionamento estratégico, com boas rodovias e com uma tendência a desenvolvimento de políticas de mobilidade. Segundo porque aqui os riscos são menores, as pesquisas são mais fáceis e o investimento é majoritariamente assertivo”, explica Carlos Bianconi, diretor de uma construtora.


Sobre o perfil de vendas no período, o consultor da Brain Inteligência Estratégica, Guilherme Werner, explica que, no primeiro trimestre, houve uma demanda maior por produtos de alto padrão. Isso porque o mercado está aguardando a aprovação da Medida Provisória (MP) que recria o Programa Minha Casa, Minha Vida para retomar os lançamentos de menor preço.


“Há uma demanda reprimida que possivelmente pode respingar no próximo semestre. Campinas é o epicentro do mercado de loteamentos. Para se ter uma ideia, o interior de São Paulo possui algo como 40% do mercado de loteamentos do Brasil e só a RMC é responsável por 40% do mercado do interior. Então 15% de todo o Brasil está aqui. No entanto, há uma tendência que aponta para a volta da verticalização. Portanto, com a aprovação da medida e também com a somatória do arcabouço fiscal e da reforma tributária, as expectativas são as melhores”, disse Werner.


O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, explicou que o mercado da cidade é dinâmico e com grande potencial de crescimento. Ele sustenta que a queda da taxa de juros deve dar condições à retomada acelerada de empreendimentos na cidade, inclusive com a entrada de produtos para população de baixa renda. “A inflação ficando controlada, esperamos que haja uma redução da taxa de juro, pois o juro real no Brasil está muito alto e isso acaba realmente com a empresa. Tanto porque a empresa não tem acesso ao crédito, quanto o cliente que por vezes vai recorrer ao financiamento. São entraves ao desenvolvimento econômico, social e principalmente à geração de empregos no Brasil”.


O evento contou com a presença de dezenas de associados da Abrainc, e traçou um raio-x do mercado para tomada de decisões por parte dos investidores. A expectativa, caso haja queda da taxa de juros, é que já no segundo semestre ocorra uma retomada dos negócios imobiliários para baixa renda. O fenômeno, na visão dos associados, deve alavancar o setor da construção civil já nos próximos seis meses e no próximo ano, com reflexos diretos no Produto Interno Bruto (PIB) da região.



Fonte: Correio Popular.