Após encolher no ano passado em meio aos efeitos da pandemia na atividade econômica, o mercado de terrenos residenciais deve voltar a crescer este ano sustentado pela mudança de hábitos da população. O sonho de se mudar para o interior ou de, pelo menos ter um “refúgio” fora da capital está alimentando uma expectativa de crescimento de 10% para o setor, segundo Caio Portugal, presidente da Aelo, associação das empresas de loteamento e desenvolvimento urbano.


A retomada vem depois de um período difícil - no ano passado, o recuo nas vendas foi de 4% -, que fez o setor colocar o pé no freio dos lançamentos. Por outro lado, a combinação de aumento da demanda, sem aumento correspondente da oferta, fez com que o estoque de terrenos caísse bastante. De 2018 para cá, o total de lotes disponíveis recuou à metade: de 125,4 mil para 67,4 mil. Só no ano passado, a queda foi de 33%, de acordo com a Aelo. A alta na procura já começa a se refletir nos preços.


Parte desse movimento está relacionada ao vácuo deixado pelas grandes loteadoras na última década, como Alphaville Urbanismo, Scopel e Cipasa. Essas companhias chegaram a ter dezenas de canteiros de obras abertos ao mesmo tempo Brasil afora. No entanto, amargaram prejuízos com a crise de 2014 e tiveram de enxugar as operações. A Alphaville, recentemente, vem apostando no loteamento com a construção de casas pré-fabricadas, ainda para clientes de alta renda.


Vácuo competitivo. “O estoque hoje (de terrenos no país) é uma piada, ele despencou. É um dos níveis mais baixos desde que o mercado de loteamentos se profissionalizou”, afirma Fábio Tadeu Araújo, sócio da consultoria Brain. E ele diz que a crise que envolveu as grandes loteadoras, a partir da metade da década passada, deve dificultar a mudança desse cenário. “Não tem mais competidores nacionais relevantes no setor de loteamentos. É um mercado que começou a depender mais das empresas regionais”, diz o consultor.