A entrada na Bahia é o primeiro movimento de expansão da proptech, anunciada em maio; lançamentos têm VGV de R$ 25 milhões
A MyDoor entrou no mercado em maio com um modelo de negócios que se propõe a democratizar ao acesso à segunda residência, esteja ela localizada na praia, campo ou montanha.
Para transformar o sonho em realidade, a empresa fraciona os imóveis de alto padrão em oito cotas, que são comercializadas a partir de R$ 185 mil cada uma. O ticket médio atual é de R$ 700 mil por fração.
O comprador pode adquirir, no máximo, quatro cotas por imóvel, e tem direito de usar a propriedade por 44 dias ao longo do ano. O formato de negócios inclui também uma taxa média de ‘condomínio’ de R$ 1,2 mil para cobrir os serviços de hospitalidade, como concierge, manutenção, segurança e limpeza dos imóveis.
Os primeiros imóveis ofertados estão em São Paulo, onde dispõe de 30 imóveis distribuídos entre as opções de praia, campo e montanha. Desde o lançamento em maio, fechou 10 contratos e tem 200 em andamento.
Onde estão os novos mercados
A nova fronteira agora é o Nordeste, mais precisamente a Bahia, com lançamentos que apresentam um Volume Geral de Vendas (VGV) de R$ 25 milhões. A proptech chega ao estado negociando três imóveis na Praia do Forte e, a partir do próximo mês, entra em Trancoso com cinco opções. As cotas giram de R$ 400 mil a 1,5 milhão para propriedades avaliadas entre R$ 4 milhões e 12 milhões.
Para operar no estado, a MyDoor fechou parceria com a imobiliária IBBI e a incorporadora Casa Torre. As duas serão responsáveis pela curadoria dos imóveis e originação das vendas. Toda a fase posterior relacionada aos serviços de hospitalidade será atendida pela startup.
O modelo de acordo com atores locais será central na estratégia de expansão por novos territórios. A operação direta da MyDoor ficará restrita ao estado de São Paulo, onde fica a seda da empresa.
“Você precisa ter parceiros locais, aprendi isso na CVC. Tem que colocar para negociar quem conhece da região”, afirma Fabio Godinho, CEO da My Door e co-fundador ao lado de Roberto Pinheiro, que ocupa o cargo de diretor de negócios imobiliários.
A referência à operadora de turismo é porque Godinho foi vice-presidente da companhia. Com 15 anos de experiência no mercado de turismo e hospitalidade, atuou ainda como CEO da Webjet e também da rede hoteleira GJP & Resorts, adquirida em setembro de 2021 ao grupo de private equity R Capital.
Foi no período de negociação da venda da empresa que o executivo começou a trabalhar na estratégia de criação da MyDoor. Recorreu à aceleradora Ace, que validou o modelo e estimou o mercado potencial de segundo imóvel na faixa de renda onde a MyDoor atua em R$ 500 bilhões.
O passo seguinte foi buscar recursos e obteve R$ 8 milhões, a partir de um valuation de R$ 50 milhões, em aporte liderado pela RTSC Holding e com participação da Apex Partners. A empresa também conta uma linha de crédito de R$ 200 milhões para financiar a compra dos imóveis.
Quais as oportunidades que a empresa vê na modalidade
O modelo de negócios da MyDoor é inspirado na Pacaso, startup de copropriedade de imóveis lançada nos Estados Unidos e que se tornou unicórnio em apenas cinco meses de vida, quebrando o recorde da Bird Rides Inc, de seis meses.
Reflete sobre uma nova dinâmica de negócios, onde o modelo de compartilhamento começa a ganhar mercado em outros setores da economia, e também sobre os aprendizados com a pandemia.
Até por isso, Godinho estima que deve ocorrer uma migração do modelo atual de segunda residência para o compartilhamento, em especial porque os preços são “proibitivos”. "O potencial de segunda residência é no Brasil inteiro", diz ele, que já está prospectando novos territórios como a região sul do país.
Nesses poucos meses de vida, a startup identificou, por exemplo, que o negócio tem chamado a atenção de pessoas que poderiam adquirir um imóvel inteiro, mas que optam por estudar e investir na copropriedade por entenderem como mais adequado às novas tendências.
"O anywhere office, o aumento turismo doméstico e das viagens de carro reforçaram o nosso modelo de negócios. Tem também a questão do turismo de luxo que ganhou uma força muito grande e a necessidade de relaxar com tranquilidade. A gente cobre muitas essas demandas e tendências”, afirma Godinho.
Fonte: Exame.
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