Modelo ganha espaço — e adeptos — dentro de complexos de entretenimento pelo Brasil. Posse do imóvel, custo/benefício e acesso facilitado às atrações de lazer são os atrativos do negócio



O modelo de multipropriedade residencial ganhou um forte aliado de vendas no Brasil nos últimos anos: o setor de entretenimento. Complexos de lazer e parques aquáticos têm investido na diversificação das opções de hospitalidade para seus visitantes, oferecendo apartamentos que podem ser adquiridos em regime de cotas.


É o caso do Hot Beach Olímpia, do grupo Ferrasa, no interior de São Paulo. O parque é o nono mais visitado da América Latina, com praia artificial, toboáguas, piscina de ondas naturalmente aquecidas, restaurantes e três hotéis. Em julho de 2021, a empresa inaugurou sua primeira operação de compartilhamento: o Hot Beach Suítes. São 450 apartamentos de um ou dois dormitórios, mobiliados e equipados, ao custo de R$ 48 mil a fração. Cada unidade pode ser dividida em 25 partes, cada uma delas com direito a duas semanas de uso por ano.


“Entendemos que havia uma demanda por multipropriedade em Olímpia, para atender o turista que buscava passar mais dias nos parques e não tinha essa opção”, afirma Heber Garrido, diretor de Marketing do Hot Beach. Ele conta que foram vendidas dez mil cotas desse condomínio em apenas três anos – mesmo com uma pandemia no meio do caminho.


Agora em junho, o grupo expandiu a oferta e lançou o Hot Beach You, que terá 800 apartamentos e infraestrutura de lazer e entretenimento mais focada no público adulto. Previsto para ficar pronto em 2025, tem VGV de R$ 1,2 bilhão.


Para Garrido, o modelo tem atrativos que devem garantir o desenvolvimento do setor de hospitalidade e lazer no país. “Ser proprietário do imóvel, aderir ao pool hoteleiro ou fazer intercâmbio das diárias em outras propriedades ao redor do mundo são benefícios que não existem quando se é o único dono do imóvel”, ressalta o diretor do Hot Beach, que tem parceria com a RCI.


SERRA GAÚCHA


No Sul, região que concentrou 45% dos lançamentos do tipo em 2021, segundo o estudo da consultoria Caio Calfat, quem lidera esse mercado é a empresa Gramado Parks. Fundada em 1972, a companhia tem no portfólio os parques Snowland e Aquamotion, ambos em Gramado (RS), entre outras atrações em estados do Sudeste e Nordeste.

Para absorver os 650 mil visitantes anuais desses parques, o grupo conta com quatro hotéis entregues e um resort que acaba de ser lançado, o Buona Vitta. Juntos, eles reúnem 1.744 unidades divididas em 29,6 mil cotas de multipropriedade. Até junho, 23 mil delas já tinham dono, que pagaram até R$ 120 mil para ter direito entre duas e quatro semanas de uso por ano.

“A multipropriedade é o maior faturamento da empresa, com VGV bruto de R$ 1,2 bilhão esperado para este ano, 47% acima do realizado em 2021”, explica Edson Cândido, diretor Comercial do grupo.

Até 2025, o plano da companhia é criar outros clusters de expansão, desenvolvendo destinos com entretenimento e levando a hospitalidade na esteira. O próximo será o parque Acquaventura com resort anexo, na praia de Carneiros (PE).

“Acreditamos no modelo em que o cliente adquire um patrimônio imobiliário no formato de multipropriedade e usufrui por toda a vida de uma propriedade administrada por quem entende de turismo, criação experiências e serviço”, afirma Ronaldo Fagundes, vice-presidente executivo do Gramado Parks.


VIZINHO DO MICKEY


Combinar lazer e mercado imobiliário não é uma exclusividade do mercado brasileiro. Na Flórida (EUA), o condomínio-bairro Golden Oak foi o pioneiro no país com casas em sete estilos arquitetônicos diferentes e serviços exclusivos para se aproveitar os parques da Disney.

Lançado em 2015, o empreendimento fica em Walt Disney World Resorts e oferece aos moradores transporte e acesso VIP (sem filas) a todas as atrações, brinquedos e shows. As residências – que custam cerca de US$ 10 milhões – podem ainda ser decoradas com motivos e personagens do estúdio de animação durante as férias da família.



Fonte: Revista Valor Econômico.