Apenas 8% dos estudantes do país estão matriculados em cursos técnicos; o MEC vai divulgar no dia 23 de setembro um pacote de medidas para incentivar a formação



Ensino profissionalizante no Brasil deve ser ampliado depois da pandemia, mas atração de alunos ainda é desafio. De acordo com o governo federal, apenas 8% dos estudantes do país estão matriculados em cursos técnicos. Na União Europeia, por exemplo, o número chega a 46%. Em debate na Câmara dos Deputados, o representante da Secretaria de Educação Profissional do Ministério da Educação (MEC), Tomás Santana, alertou para falta de mão de obra. “Eu acho que a discussão está acontecendo em um momento extremamente oportuno e importante para o nosso país. Em função da pandemia, nós vemos as notícias de que haverá um apagão de profissionais em diversas áreas na retomada da economia. Então há necessidade de agirmos rapidamente e com ações que permitam essa capacitação e esse trabalho com os nossos jovens”, diz o representante do ministério. Tomás Santana informa que o MEC divulgou no dia 23 de setembro um pacote de medidas para incentivar os cursos profissionalizantes.


O coordenador geral de medidas educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Gustavo Morais, ressalta que investir na formação técnica é indispensável. “É sempre uma chaga na educação nacional a nossa pouca atenção à formação de trabalhadores e trabalhadoras. Temos no Brasil um paroxismo, como se nós pudéssemos ter um desenvolvimento econômico, tecnológico, científico e, principalmente, social sem que pudéssemos pensar na formação técnica. Obviamente que é preciso reconhecer que a Lei 14.113/2020, que dá origem ao Fundeb, dá um passo importantíssimo para a valorização da educação profissional e tecnológica nacional”, explica Morais. Gustavo Morais acrescenta que a diferença de custos de cada área técnica é um desafio para elaborar um orçamento.


O gerente de educação profissional e tecnológica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Felipe Morgado, aponta que o Brasil precisa requalificar a mão de obra. “Todas as pesquisas mundiais mostram que o mundo inteiro precisa requalificar a sua mão de obra. Se o mundo inteiro precisa e o Brasil não qualificou uma quantidade necessária, nós temos uma oportunidade para reduzir essa desigualdade. Nós temos instituições de excelência e se a gente acertar a estratégia, a gente consegue mais rápido formar esses jovens em menor custo e maior qualidade”, defende Morgado. O gerente do Senai e os especialistas alertam que a retomada econômica vai exigir qualificação de profissionais para o setor industrial. O número de cursos da área no Brasil aumentou 17% entre 2013 e 2019 e o MEC promete divulgar os dados de 2020 nas próximas semanas.



Fonte: Jovem Pan.