O último Censo Escolar mostra que, de cada 100 jovens com idades entre 18 e 27 anos, 60 concluem o ensino médio e apenas cinco têm acesso ao ensino técnico. O Plano Nacional de Educação prevê a criação de 5,2 milhões de vagas até 2024, mas, no ritmo atual, o país levará 60 anos para atingir essa meta.
Uma pesquisa com empresas e com jovens brasileiros mostrou a importância de ter feito um curso técnico na hora de se candidatar a um emprego.
O José Saturnino tem 20 anos e viveu todas as incertezas de quem tenta entrar no mercado de trabalho pela primeira vez.
“Não sabia como funcionava muito bem”, conta.
Para superar os obstáculos, ele decidiu fazer um curso técnico em eletrônica. Há dois meses, conseguiu uma vaga na área de criação de uma startup.
“Os conhecimentos que adquiri de programação me ajudaram bastante”, afirma José Saturnino.
Um estudo feito pela Fundação Roberto Marinho, Arymax e Itaú Educação e Trabalho analisou o papel da formação técnica na inclusão de jovens no mercado de trabalho.
Tanto os jovens quanto as empresas concordam que a falta de qualificação é uma barreira na hora da contratação; 37% das empresas disseram que é difícil ou muito difícil contratar jovens do ensino médio. As principais dificuldades são falta de qualificação e de comprometimento.
Já os jovens apontam que a escola os prepara pouco ou nada para o mercado de trabalho.
O secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, João Alegria, diz que também é preciso melhorar a relação entre jovens e empresas.
“Existe um desafio grande para que os jovens entendam melhor o que é trabalhar, o que é um ambiente de trabalho, como você se porta lá, mas também existe um desafio do ponto de vista das empresas para que elas se aproximem mais de culturas juvenis e possam, inclusive, entender que ali há oportunidades interessantes para elas”, enfatiza.
Das empresas, 42% disseram que têm jovens com formação técnica em seus quadros e que, além de permaneceram no emprego, eles evoluem de cargo, e 61% afirmam ter pelo menos um gestor que já ocupou cargo técnico.
Kleber Racy, diretor de recursos humanos, diz que o curso técnico também ajuda quem sonha com um curso superior.
“Para nós, o curso técnico é uma etapa importante para a universidade, na sequência, potencializar a performance e o conhecimento desse jovem. Eles não concorrem entre si. Eles são complementares”, explica.
O último Censo Escolar mostra que, de cada 100 jovens brasileiros com idades entre 18 e 27 anos, 60 concluem o ensino médio e apenas cinco têm acesso ao ensino técnico. O Plano Nacional de Educação prevê a criação de 5,2 milhões de vagas até 2024, mas, no ritmo atual, levaremos 60 anos para atingir essa meta.
João Alegria acredita que um esforço conjunto pode acelerar a formação desses jovens, que o mercado de trabalho tanto precisa.
“Se o país souber se organizar corretamente e ter uma velocidade de implementação do novo ensino médio, em pouquíssimo tempo, nós podemos ver ampliada de forma significativa a oferta de possiblidade de formação técnica em nível médio no Brasil. A educação pública é um dever do Estado, é um compromisso de todos na sociedade, mas as empresas podem ter um papel de protagonistas nesse processo que, durante os cursos, os jovens possam frequentar um ambiente de trabalho, ter contato a profissionais das empresas, uma série de possibilidades”, ressalta o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho.
Fonte: G1.
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