Há menos de uma década, algumas iniciativas que combinaram imóveis e tecnologia deram origem ao nascimento do termo Proptech. Moldado a partir da inovação e com inúmeros projetos em andamento ao redor do mundo, o ponto de virada desse conceito na América Latina pode ser marcado em 2019, quando o investimento de capital de risco em proptechs latinas cresceu mais de 400% e acumulou US$ 603 milhões, segundo o Pitchbook.
No ano passado, o segmento recebeu US$ 1,3 mi, segundo estudo da Endeavor. O boom dos investimentos fez com que a modernização tecnológica do mercado imobiliário deixasse de ser uma conta pendente e se tornasse uma realidade. No entanto, a margem de crescimento continua alta para a América Latina, considerando que já existem 22 unicórnios proptech no mundo, sendo doze da China e dez dos Estados Unidos.
O mercado tem lugar para diferentes alternativas. Existem startups que cuidam de todo o processo de venda: desde a avaliação de um apartamento até o gerenciamento de papelada e burocracia. Com a pandemia, também proliferaram propostas de passeios virtuais e videochamadas para visitar os locais de aluguel. Essa iniciativa também foi replicada pelas tradicionais imobiliárias que aceleraram o processo de digitalização durante o período de medidas restritivas, segundo relatório da Zonaprop na Argentina.
As proptechs também apareceram com funcionalidades mais específicas, como administração de consórcios ou locação e gestão da casa própria quando alguém sai de férias (estilo Airbnb com nicho mais específico). Como efeito da virtualidade, aumentaram as alternativas de investimento para adquirir apartamentos em qualquer cidade do mundo ou, até mesmo, parte do imóvel, como agora é possível por meio de plataformas de crowdfunding. Esse novo fenômeno econômico valerá US$ 93 bi em 2025, segundo o Banco Mundial.
Aos poucos, o mundo dos investimentos foi ficando sem fronteiras e as condições macroeconômicas se tornaram um fator decisivo. A aposta das empresas privadas não precisa ser por um desenvolvedor conhecido em um canteiro de obras, mas por meio de plataformas confiáveis em cidades que oferecem condições previsíveis. A parte positiva é que os governos interessados terão que competir centímetro a centímetro para atrair renda econômica. No mercado imobiliário digital, os investidores se perguntam por que apostariam em uma determinada cidade em vez de se inclinarem para lugares mais seguros, como Detroit ou Chicago, a apenas alguns cliques de distância.
Depois das graves consequências deixadas pela pandemia, o setor imobiliário segue inovando graças ao mercado digital. A extensão desse crescimento terá que ser monitorada de perto este ano, especialmente durante o terceiro trimestre. Desde 2021, foram investidos US$ 292 bi no setor em todo o mundo, 77% a mais do que o mesmo período do ano anterior, segundo a consultoria JLL.
Não há dúvida de que o mercado está efervescente e as propostas de valor estão alavancando o setor imobiliário na América Latina. Mas além da tecnologia que essas iniciativas fornecem por si só, as proptechs geram novas oportunidades sob medida e propostas mais específicas que possivelmente permitem a chegada de novos – e até menores – investidores. Beneficiada pelas qualidades do mercado digital, a nova era do setor imobiliário está só começando.
*Sofía Gancedo é co-fundadora e COO da Bricksave, licenciada em Administração de Empresas pela Universidade de San Andrés e mestre em Economia pela Eseade. Recentemente, foi laureada com o prêmio Globant Awards - Women that Build.
Fonte: Jornal Jurid.
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